O aborto é uma questão que devia ser tratada como direito da mulher decidir sobre seu corpo. Tirando as questões religiosas, afinal, o estado deve ser laico e isso não deve influenciar essa decisão já que cada mulher vai agir de acordo com seus princípios, e ai, cada uma que leve em conta isso, o aborto é uma questão de decisão da mulher sobre seu corpo. A mulher com poder de escolher o que quer. Sem essa de que “quem quer legalizar aborto já nasceu”, nem estatuto do nascituro e muito menos, que isso dá brecha pra geral sair engravidando e tirando. Sabia que no Uruguai, entre dezembro 2012 e maio de 2013,o país não registrou nenhuma morte decorrente de interrupções na gravidez? Com a legalização, as mulheres recebem apoio psicológico e muitas inclusive desistem. Porque se sentem amparadas, acolhidas e conseguem lidar com a situação. Aqui, elas são rechaçadas, recriminadas, tem que fazer escondido, em condições precárias ou muitas vezes, sozinhas, enfiando objetos pontiagudos no útero. Morrem milhares de mulheres, e é tão foda, que por ser um ato criminoso, a gente não tem nem estatística correta, porque afinal, quem vai sair dizendo que fez um aborto, se pode piorar ainda mais sua situação? Já basta o risco de morrer.
A discussão em torno da cesárea forçada de Adelir também esteve num embate de mulheres contra X mulheres a favor da cesárea. Mulheres se chamando de #menasmãe e de índia. E em dado momento, quem estava certa – cesárea ou parto natural, em casa ou no hospital, agendar ou deixar o bebê nascer na hora que ele estiver pronto e não na hora que a gente acha que ele está – não era a questão. O que a gente tinha que discutir é o direto de escolher e de ter essa escolha respeitada, porque o corpo é seu. A gente quer poder escolher como parir, sem ser julgada – se parir em casa, quero ser apenas uma mulher, não quero ser chamada de irresponsável, acusada de estar seguindo moda, ser apelidada de índia. Nesse debate dazíndia, eu tenho até tribo, #paripelaxota, mas respeito quem toma uma decisão diferente. Acredito que ela deva ser tomada com base em muita informação, sabendo dos riscos que uma cirurgia implica e expõe, mas nunca obrigada a ir contra a sua vontade.
A médica e a juíza concordaram com um ponto e se ajudaram numa causa, que em um dia teve começo, meio e fim. Mobilização, resultado. Porque nós não nos unimos e fazemos o mesmo? Por que não nos apoiamos e lutamos juntas para que nossas decisões sobre nosso corpo sejam aceitas?