A cidade anfitriã da Coluna Mundo Minas no Alto Jequitinhonha é um distrito de pouco mais de 400 habitantes e muita história. Surgida em meados de 1720, tem seu nome dedicado à uma lenda que fala da aparição do São Gonçalo no lugar onde hoje está a principal igreja.
No alto da serra, janeiro, época de fortes chuvas, o acesso ao lugarejo sempre ficava por tempos impedido e acessível somente para quem se arriscava a pé. Chegou ao ponto crítico de em diversos momentos faltar mantimentos aos moradores. Para evitar a dificuldade e a fome, a comunidade passou a se reunir na pequena escola no centro da vila. Passavam todo o dia e a noite, faziam a comida de forma coletiva e gastavam o tempo chuvoso compartilhando brincadeiras.
A necessidade, e a colaboração comunitária em busca da sobrevivência foram os embriões que deram origem ao festival de férias, que teve sua primeira edição no formato atual após a chegada de Martin, pesquisador suíço que passou a viver na região, que teve suas idéias mescladas com a de artistas que já frequentavam a região. Até hoje, o colaborativismo é uma das principais marcas do festival, que realiza cerca de 15 oficinas com duração de uma semana e no sábado reúne todo o povo da região para ver o resultado dos processos. Cada oficineiro traz seu conhecimento e recebe em troca uma semana com o caloroso povo do Jequitinhonha. Nesses dias também é realizado o Encontro de Brincantes, onde vários mestres de todo o país, guardiões da pedagogia oral, transmitem o conhecimento para as crianças através de brincadeiras tradicionais como o Pião ou o Papagaio.
Além das oficinas, o festival reúne também músicos, cantadores, grupos de teatro e contadores de história de toda a região. Com programação na Associação Comunitária Sempre Viva, se apresentaram o Coral Riberão de Area, de Jenipapo de Minas, a contação de histórias de João Guimarães Rosa, a banda Djembe Africa-Brasil – Filhos do Sonho e apresentações de capoeira.
Jaqueline Luana, nossa anfitriã na cidade também ajudou a promover as trocas entre os músicos, produtores e artistas da região. No dia 16 de janeiro foi realizada na Escola Estadual Mestra Virgínia Reis um encontro de Conversas Infinitas. Anunciado no alto-falante da igreja, todos da vila foram convidados para um bate papo com os agentes da coluna Mundo Minas que apresentaram as possibilidades de acessar e alimentar uma rede de experiências de gestão cultural para permitir que os que batalham no dia a dia possam manter viva as suas tradições e solucionem seus problemas com uma inteligência coletiva criada pela rede.
A saída da coluna da cidade deixou uma certeza, a cultura do Alto Jequitinhonha é riquíssima e traz consigo suas tradições, oralidades e peculiaridades que devem ser exploradas e conectadas em rede para a potencialização dos trabalhos locais.
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