Amassando o barro e tecendo redes no Vale do Jequitinhonha

No último final de semana (21 à 23 de fevereiro) artistas, agentes culturais, profissionais do setor e gestores públicos e privados de 40 dos 86 municípios do Baixo, Médio e Alto Jequitinhonha se reuniram em Araçuaí para participar do Seminário Tecendo a Rede Jequitinhonha Cultural. Com o objetivo de promover a troca e o intercâmbio direto entre toda a região, o nome do encontro traduz as intenções dos realizadores que buscavam não a criação, mas a organização, consolidação dessa rede que já existe há anos.

Rede Jequitinhonha Cultural

Conhecida mundialmente pelo seu valor cultural, o Vale do Jequitinhonha, região do interior mineiro que segue o curso do rio de mesmo nome, é referência na sua produção artística, que transforma as mazelas sociais, como a fome e a pobreza iminentes nos seus municípios, em arte e  tradição com os traços de quem vive a realidade local. A consciência política dos moradores da região é também fator fundamental para a sua busca por soluções criativas. Dentre os altos índices de analfabetismo, jovens universitários que tiveram suas origens no Vale criaram um jornal impresso, em meados da década de 1970, fato que ocasionou no incentivo à leitura na região provocou ainda a conscientização política de muita gente. Com textos de protesto e e embate ao governo do período, o Jornal Geraes é tido como um dos propulsores de toda a cadeia criativa e artística do Vale.

Guilardo

Segundo Guilardo Veloso, um dos organizadores do seminário e diretor na Valemais, entidade realizadora, o Geraes foi um grande marco pra região. “Não estamos criando nada, esse seminário é uma tentativa de organizar uma série de coisas que já existem. A Rede Jequitinhonha Cultural tem data, hora e lugar de criação: 1978, com o Jornal Geraes.”

Durante a programação foram realizadas mesas de discussão sobre políticas públicas pra cultura, mecanismos de participação popular, articulação em rede e o relato de experiências de outras iniciativas. Com representantes do Ministério da Cultura, Secretaria Estadual de Cultura, deputados estaduais e federais, representantes legislativos e ainda o reitor da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, o Seminário contou com quórum qualificado para elevar as discussões e qualificar o debate em torno da produção cultural.

Talles Lopes

O Fora do Eixo foi uma das redes convidadas e Talles Lopes participou da mesa apresentando a experiência de criação e consolidação da Rede Fora do Eixo, bem como a importância das conexões entre as redes digitais e a cultura tradicional, usando de novas ferramentas para potencializar a produção do Jequitinhonha. Colocando a importância das redes digitais para potencializar o trabalho feito no dia a dia Talles comenta “Esse contato que a internet proporciona acelera a conexão entre as pessoas e pode apresentar alternativas para relações mais próximas, mesmo que geograficamente distantes”.

GTsCom cerca de 100 participantes durante todo o encontro, a efetivação da Rede Jequitinhonha Cultural se deu de forma legítima com a participação de todos presentes. Além de todas as discussões que possibilitaram o acúmulo de repertório, no último dia foi vez de iniciar a estruturação da rede. Com grupos de disscussão que debateram a organização interna, fluxo de informações, plano de ação e divisão de equipe, a rede saiu de Araçuaí já com projetos a curto, médio e longo prazo determinados e diretrizes para os próximos meses. Representantes do alto, médio e baixo Jequitinhonha compõe, junto com agentes de Belo Horizonte, um conselho gestor formado por nós de rede responsáveis por manter acessa a chama e os trabalhos consensuados no encontro.

Veja as fotos do encontro

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